
Phoneglow / Eyes Go Blank
Burial / Kode9
A Hyperdub é celebrada nesta edição conjunta entre o cabecilha da editora e o nome que mais a meteu nas bocas do mundo. O lado A, da autoria de Burial, continua as ideias principiadas em "Dreamfear / Boy Sent From Above", soando a algo saído dessas sessões de estúdio. Começa com crackle - assinatura de Burial - uma excursão freestyle, de batida quebrada sempre a rolar, despida de adornos- apenas com algumas acentuações aquando dos drops - e com as vozes femininas sampladas, habituais na sua música, a fazer a cama melódica e harmónica por cima das linhas de síntese solarengas que iluminam a faixa e a colocam em território eminentemente Burial. Pelo meio, arpejos trance com elementos 16bit a mostrarem que este é inequivocamente um novo Burial. E pelo fim, à semelhança do maxi de "Dreamfear", há novo beatswitch. Os novos discos de Burial têm trocado o ermo em que, antes, a sua música se encontrava por novos fins-de-rave mais solarengos. Em "Eyes Go Blank", Kode9 continua a apostar na sua versão de footwork - batida certeira, bass-heavy, com vozes processadas de forma não muito diferente das de Burial, encontrando-as a meio caminho entre o Happy Hardcore e uma versão futurista de música pop. Também pelo seu meio, há um beatswitch que reconfigura o tema para o contínuo jungle, com a síntese grave em ondas serrote a invocarem o espírito da rave. Dois titãs contemporâneos de música de dança britânica a carregarem a tocha com sentido de responsabilidade e direcção. Um bom sumário do que é a Hyperdub e os seus 20 anos de história.