1969-1988
Ursula Bogner
Editado originalmente em 2008, "Recordings 1969-1988" foi uma brincadeira de Jan Jelinek numa altura em que se jogava muito com as descobertas de nomes desconhecidos / ou por descobrir da história da electrónica. A história de Ursula Bogner era de que Jelinek havia conhecido o seu filho – Sebastian Bogner – e que este o teria introduzido à música da mãe, que montou um estúdio em casa e que viveu sempre alheada da cena electrónica alemão, mas fascinada por ela e pela música concreta. A história convenceu durante um tempo, principalmente porque o início das reedições de library começavam a surgir e o som de Bogner juntava-se bem no grupo da BBC Radiophonic Workshop, principalmente ao trabalho de Daphne Oram e Delia Derbyshire que começava a ser redescoberto – e melhor trabalhado – na altura. Não demorou a descobrir que Bogner era Jelinek vestido de mulher e que o magnífico mundo de "Recordings 1969-1988" e, anos depois, de "Sonne = Blackbox" era uma farsa. Mas uma boa farsa, a música ficou, e ainda hoje este álbum de apresentação de Jelinek enquanto Bogner é uma assombrosa viagem por música electrónica simples, adornada pelo básico e pela descoberta do som puro dos sintetizadores. De certa forma, é composição musical arquivista de prime-time, com o problema de que é falsa. O maior golpe de Jelinek não foi ter-nos enganado, mas convencer-nos de que esta música valia a pena ouvir e de que era urgente há dez anos. Há dez anos e agora, "Recordings 1969-1988" continua a ser um dos seus discos mais preciosos e um complemento essencial à reedição recente de "Loop-finding-jazz-records". Música de descoberta do passado que nunca existiu, o velho é afinal novo. Uma cartada de génio de Jelinek, uma "compilação" de sons assombrosos, especiais, que, na sua reedição, se faz acompanhar por quatro temas que, entretanto, foram saindo em 7". Se escapou em 2008 – esgotou muito rapidamente -, este é o momento para encontrar / descobrir / redescobrir a magia orgânica-analógica de Bogner.