Nekkuja
Marina Herlop
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Muitos elementos justificam a popularidade de Marina Herlop ao longo dos últimos três anos. As comparações feitas com Björk não são escusadas – e não têm a ver com o seu guarda-roupa ou penteados – e derivam de uma vontade geral das coisas se renovarem, mesmo que a renovação sofra por comparação (inevitável). “Pripyat”, o álbum que lhe deu notoriedade em 2022, estava cheio de vontade de vencer. Além de soar a uma nova forma de explorar a electrónica, incorporando muito elementos de algo mais edgy numa funcionalidade altamente folk/pop, irradiava uma alegria e uma vontade de vencer provadas pela forma avassaladora com que Herlop começou a dar concertos em todo o lado, todas as semanas, numa rotina imparável de querer fazer rodar as suas ideias, fazê-las chegar a mais gente e vencer: porque, e a verdade é esta, a vida de músico que quer fazer este caminho hoje é mais difícil do que no início da carreira da Björk. A catalã apresentou “Nekkuja” em 2023 em digital, um surpreendente passo em frente, em que é notável a forma como quer encher o mundo, deixando pouco vazio na sua música e intercalando ideias clássicas com o arrojo contemporâneo (daí estar a ser editada pela Pan). Ainda é música de quem está num quarto/casa a criar (acreditamos que isso mudará em breve), mas é-o com uma vontade de sair cá para forma e dominar (oiça-se “Cosset”). A voz, entoação, e o controlo das harmonias encanta mais do que em “Pripyat”, deixando algumas das amarras que ainda existiam e explode agora em todas as direcções. Em “Karada” ouve-se a natureza e ela parece um símbolo de que na música de Marina Herlop cabe todo um mundo. Como em algum momento sentimos com Björk. Agora, a história é outra. Finalmente disponível em vinil.
