Ctu Telectu
Telectu
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Não é de todo exagerado dizer que este foi um disco de viragem na música portuguesa, até na música popular. “Ctu Telectu”, em 1982, cruzava gente do rock e da improvisada / minimal, aborda linguagens jazz, era uma espécie de versão vanguardista do que os GNR fizeram em “Independança” no mesmo ano e, até, um eco, em "Lotaria Solar", do que A Certain Ratio faziam de mais espectral. O álbum é dedicado a Philip K. Dick, falecido no mesmo ano (todas as faixas têm títulos de livros ou contos seus), o que torna tudo ainda mais único e - admita-se – fora. Os textos foram retirados ao acso de BD em várias línguas. No fundo tudo parece aleatório, incluindo a música, mas esta soa coesa, a fugir ao rock e a aproximar-se dele quase em medida igual, fabricando o que nem sequer é pós-punk, quanto mais uma “versão portuguesa” do género. Álbum único, enquanto Vitor Rua fazia a sua passagem ritual do universo rock para outros mais ambiciosos e vastos, e Jorge Lima Barreto organizava a continuação da Anar Band. Curiosamente, Rui Reininho (a outra metade da Anar Band) faria na mesma altura o percurso inverso ao de Vitor Rua, deslocando-se do experimentalismo sem rede da época para um sonho muito pop. Mas ele não é assunto, em “Ctu Telectu”. Rua exibe a sua guitarra, Toli César Machado mantém o ritmo, Lima Barreto avança com teclas e sintetizadores. Estranho na época, mas ainda o é agora. E isso é uma enorme vantagem.