Naya
Dawuna
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Ian Mugerwa, ou Dawuna, apresenta no novo álbum a sua versão de uma R&B despida de clichês, com uma guitarra psicadélica e carregada de wahs a preencher o espaço deixado pelos ritmos que lembram as sequências em drum machine dos discos de Prince, ou os momentos mais sensuais de D’Angelo. Entre as faixas do disco há mini-interlúdios de estática e ruído, como se da transição entre estações de rádio se tratasse. Manipulação digital ou em fita? Espécie de outsider R&B, são várias as ideias do disco que nos apanham de surpresa, desde esses intervalos ruidosos, às sequências em guitarra atípicas num disto deste calibre (o riff principal de “Poppin” podia estar num dos melhores discos de rock do ano), loops de discos de soul como na última “Home”, ou mesmo “Oldhead” que principia com uma repetição de sons de máquinas que não ficaria estranho num disco de Industrial dos 80s. Pop sem o ser - há mesmo muita experimentação neste disco inusitado de uma nova Soul -, apresentando a sua própria forma - independente - de fazer e comunicar música, longe de convenções mas suficientemente perto da gramática da música “comercial” para não soar totalmente alien aos ouvidos mais leigos. Dawuna apresenta uma das últimas grandes surpresas de 2024 - um disco que podia ser catalogado como soul, pop, avantgarde ou, à falta de melhor, até pós-industrial. Ímpar.