Innercity Griots
Freestyle Fellowship
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A primeira faixa de "Innercity Griots" faz jus ao nome do grupo: um freestyle cuidado marca o tom do resto do disco - agressivo mas cool, com acurácia, sedento pelo combate lírico que é o hip-hop dos 90s. Beats certeiros, ricos nos graves, à moda do gangsta rap conterrâneo, com flows criativos, memoráveis - em especial, o rap de Myka 9, não só extremamente veloz, como também adopta uma forma quase cantada, lembrando Ol' Dirty Bastard (ou Dirty Bastard é que o lembra? este disco é também de 1993, e não é o primeiro do grupo). "Everything's Everything", em particular, pede multa de excesso de velocidade a Myka 9. Se há quem pense que, nos 90s, a costa oeste perde fôlego com o advento do boom bap - a "resposta" ao G-funk californiano - Freestyle Fellowships provam que essa guerra regional é tema apenas dos que não ousam procurar. A música pode criar uma ponte invisível com o rap nova iorquino e faz criar elogios comparativos à dos De La Soul, mas não se deixa ficar por aí. Desde jazz-rap ( "Innercity Boundaries" é tão jazzy que leva ao scatting de Myka 9 e de Daddy-O), a hardcore hip-hop (o rapper Aceyalone irrompe numa agressividade febril na "Way Cool"), a beats que facilmente encontraríamos nas misturas dos DJs de house mais arrojados, coisa comum na tradição boa do hip-house. "Six Tray" conta até com um beat em 6/4, uma raridade - cremos - para os anos 90, evidenciando a audácia da equipa de produção. "Danger" apresenta um beat dreamy, atmosférico, proto-cloud rap. A lentidão de "Bomb Zombies" certamente foi influência mais-que-directa à música anestesiada, drogada de DJ Screw. Muitos são os pontos picados, muitas as marcas pivotais que provam que o disco é um dissimulado poço de referências, influente como poucos. Um tesouro californiano bem guardado, finalmente recuperado, revelando que há ainda muitos nomes que fogem até ao radar dos ouvintes mais atentos. A história do rap também passou por aqui. Incentivamos ao fact check.
