Not So Deep As A Well
Myriam Gendron / Dorothy Parker
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Há cerca de dez anos o mundo foi atingido por um cometa que demorou a surtir efeito. Há várias razões, a primeira prende-se com a reduzida edição de "Not So Deep As A Well". O álbum de estreia de Myriam Gendron surgiu em algumas listas, quem o ouviu fez sentir que o ouviu. Esgotou e, entretanto, Gendron desapareceu durante um período: foi mãe, percebeu que a vida de artista era gira mas precisava de um trabalho para pagar as contas. Foi com surpresa que ressurgiu em 2021, com o brilhante “Ma Délire - Songs Of Love, Lost & Found”. A história repetiu-se, apareceu em listas de final do ano, começou a dar entrevistas e a tocar ao vivo em 2022. Mais pessoas começaram a perceber que Gendron era especial. Não é a sua voz que é do outro mundo, ou a forma como toca guitarra encher-nos para lá do que julgamos entender, ou o tempo com que entrega cada palavra e a seguinte, a seguinte, fazendo de cada verso um início e um fim. Tudo isso? Ou dar a sensação de que os sentimentos mais estranhos podem ter uma forma, ser uma canção. "Not So Deep As A Well" ressurge em 2023 numa reedição e anda a ser tratado por quem o ouve, pelas publicações que o andam a elogiar, como se fosse um álbum novo. Faz sentido, para muitos é como se fosse a primeira vez, para outros será como se assim fosse: a oportunidade de dar ou voltar a dar a conhecer um dos álbuns mais bonitos da última década. Gendron tornou canções alguns poemas de Dorothy Parker e em pouco menos de 40 minutos faz-nos pensar nos amigos, no coração e em como vivemos o nosso tempo. Ficamos cheios a cada segundo, por vezes nem sabemos bem com o quê.