Nitchevo!
Prima Linea
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Nitchevo!, Amerikarama, Spartia
Encontra-se música de Prima Linea no mesmo circuito de cassetes e música industrial dos 80s de que faziam parte, por exemplo, The Grief (e a sua editora Les Nourritures Terrestres) e a Insane Music. Parte, ainda, do muito reduzido catálogo da francesa Front De L'Est, mais focada no seu trabalho de distribuição do que na vertente editorial. "Nitchevo!", editado em 1986, pode ou não ser referência a um filme francês de 1936, mas o vídeo que se encontra na net menciona o pintor russo Malevich, um dos mestres do suprematismo no início do século XX. De resto, basta contemplar as capas exterior e interior do LP para absorvermos de imediato a influência estética soviética neste grupo francês. A pose marcial dos seus elementos, na fotografia incluída, corresponde 100% ao visual preferido dos adeptos da estética Futurista ou outras relacionadas com o Fascismo e o Comunismo, não querendo significar uma adopção ideológica, mais talvez uma resistência ao galope capitalista através da procura de um significado e de uma qualquer ordem. Considerações à parte, escutamos música muito própria da época, cheia de pose e intenção, doutrinária, um formato de banda que parece concentrar Joy Division, Nitzer Ebb e Test Department, nunca totalmente sintético nem totalmente orgânico. Música de movimento, com um programa, mas que se terá extinguido, sob a forma Prima Linea, com este álbum. O flirt permanente com o "proibido" e controverso está explícito no nome da banda, copiado de uma organização marxista-leninista italiana mais activa nos anos duros de 1970s para 1980s. "Nitchevo!", o disco, fica assim como resíduo de ideias e atitudes, um exemplo de militância estética (músical e visual) sem receio das conotações.