Shepherd In A Sheepskin Vest
Bill Callahan
Já estamos a ouvi-lo desde 1990. São quase três décadas com Bill. Três décadas que começaram enquanto Smog, com uma produção intensa e continuaram há uma década enquanto Bill Callahan, cada vez mais calejado pela vida e, por isso, um pouco menos regular. “Dream River” é de 2013, nunca tivemos de esperar seis anos por um novo disco de Bill Callahan, o homem que há uns meses abriu uma conta no Twitter para fazer um anúncio: e o anúncio era de que se ia retirar do Twitter. Humor, humor pois claro. Que Callahan encontramos em “Sheherd In A Sheepskin Vest”? Um homem em vantagem na vida, em relação a todos nós, e confortável com o seu estatuto. É isso que podemos dizer do Bill Callahan que nasceu em “Sometimes I Wish We Were An Eagle” (2009), um que se deu ao luxo de fazer uma versão de um álbum seu em dub: “Have Fun With God”. Um álbum que vira um álbum maravilhoso – “Dream River” – noutro maravilhoso. O que começa por ser admirável em “Sheherd In A Sheepskin Vest” é o conforto com que Bill está consigo mesmo, dilacerando a vida em versos curtos, lentos, dedicando humor com a simplicidade de uma conversa. O álbum arranca quase sem cantar, Callahan diz ao ouvinte que criou a sua própria forma de spoken word. A voz domina os primeiros temas e à medida que eles avançam, vai-se abrindo, os instrumentos vão iluminando o caminho de um álbum progressivamente mais rico. Conquista de imediato pela sua confiança, Bill está à frente e gosta de estar à frente. Sem arrogância, apenas no conforto da vida, das suas canções que chegam em forma de artista crescido. “Sheherd In A Sheepskin Vest” dá a certeza de que crescemos com um herói. O último grande herói da canção americana.