Muzik Fantastique! - Remastered Edition
Chris & Cosey
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Depois do sucesso de Exotika (1987), um dos álbuns mais cobiçados da discografia da dupla, e também de "Allotropy" e "Trust", a Play it Again Sam volta a convidar os músicos para um novo LP - voltando às "origens" synth-pop, com síntese alienígena e padrões percussivos que tanto lembram os princípios do electro, cedo nos 80s, ou as batidas comuns do pós-punk e da new wave, com espaço para outras experimentações mais planantes ("Afrakira", "Hidden Man", "Neverneverland", "Melancholia"). A primeira "Fantastique" arranca logo com um piscar de olho às basslines arpegiadas de "Songs of Love and Lust", com a voz sussurrante de Cosey a relatar fantasias de submissão. O "ar" que o disco apresenta (principalmente a voz de Cosey, que flutua maleavelmente pela mistura do disco) deve-se ao processamento do Roland RSS, novo gadget que prometia uma tridimensionalidade na distribuição dos elementos pelas faixas - e é bem sabido que Chris Carter gostava de se apoiar na vanguarda da tecnologia. Uma combinação de sequências em sintetizador e caixas de ritmos, mais a voz de Cosey: as faixas contam pequenas histórias de melodias doces, que cumprem no groove e não desiludem na autenticidade. "Apocalypso" é um bom exemplo desta fórmula, sendo que a melodia, de inspiração oriental, reflecte a criatividade aventureira da dupla; frenesiando sobre uma batida quatro por quatro, é também um espelho das vontades dos músicos, que por essa altura cumpriam trabalhos de DJ recorrentemente. O carácter minimalista nos elementos faz lembrar o modus operandi dos DAF que, com pouco, faziam temas pop com honestidade, garra e potência. É uma versão colorida, naive, sensual dessa abordagem, mais pop e catchy por natureza, provando que Chris & Cosey não só estavam na vanguarda da tecnologia - e dela tiravam todos os proveitos - como também eram dois génios criativos da pop. Disco essencial finalmente reeditado em vinil.