California Sigh
Lee Underwood
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A história de Lee Underwood é fascinante e só a conhecemos agora com esta reedição da Drag City. "California Sigh" é de 1988, mas pela inspiração clara do primitivismo americano, podia ser um disco dos anos 60, não muito longe das edições da Takoma, e pelo arrojo, tal como todos esses discos brilhantes que só entravam nessa categoria por não haver uma melhor - servia mais como termo guarda-chuva para todos os visionários vanguardistas da folk americana - é também, simultaneamente, música do futuro. Underwood foi guitarrista de Tim Buckley até à morte do artista, e "California Sigh", um disco editado em prensagem privada, vem também no seguimento de tudo o que aprendeu com o músico americano. Música tranquila, luminosa, com a natureza simultaneamente a servir de inspiração e como símbolo representativo, evocada pelo ar da California, e na sua guitarra pelos acordes, arpejos e harmónicos - estes últimos lembram, por exemplo, a guitarra de Fripp em "Evening Star", sem a pedaleira de efeitos - contribuindo para uma paleta de sons variada. A produção do disco ficou a cargo da lenda Steve Roach, que ajudou na leveza geral do que aqui se ouve. Também lhe devemos as bonitas camadas sintéticas que acompanham a gentil guitarra de Underwood, como em "Quietude Oasis", por exemplo, onde a guitarra de Underwood só se ouve praticamente no seu arrasto reverberado, potenciada por truques de estúdio. Música de uma beleza de dimensões universais: há certos discos que nos levam à conclusão de que se torna mesmo difícil não gostar deles. Este é um deles. Uma cura para qualquer ânsia, uma sugestão de paz e calma, sem atingir os contornos foleiros que permeavam a música New Age dos anos 80. Um viva à Drag City por trazer ao mundo edições privadas que cairiam no esquecimento se não fossem alvo destas reedições chorudas.