Simple Reality
Skeet
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No ano passado, surgiu a Almost Unknown (editora de Chris Long / Rhythm Doctor) com um primeiro 12" no catálogo composto por seis músicas de uma banda que muitos poucos tinham ouvido falar. De Coventry, com uma existência no início dos anos 1980, os Skeet existiram com o sabor do tempo, aproveitando os ventos pós-punk. A edição da Almost Unknown esgotou rapidamente - eram só 250 cópias - e neste ano chega uma versão mais completa daquilo que ficou gravado, e foi recuperado, pelos Skeet, através da australiana Efficient Space, óptima em saber editar música de economia. Os Skeet era um trio, como os Young Marble Giants, compostos por dois irmãos (Gary e Nigel Meffen) e uma rapariga (Kay Booth), como os Young Marble Giants e coincidência ou não, a música que gravaram soava aos Young Marble Giants. Talvez o problema até hoje - ou até recentemente - tenha sido nosso, de esperar que os YMG eram únicos e fruto de uma rejeição muito concreta. Provavelmente, isso foi uma narrativa que criámos para sustentar a opinião adolescente sobre uma banda que, quando foi ouvida pela primeira vez por muitos, abriu cabeças, mostrou uma outra ideia de minimalismo e serviu para um número infindável de situações para se usar a expressão "less is more". O também endeusamento - justificado - dos YMG é fruto de uma indústria que necessita de criar história muito rapidamente. O texto não é sobre eles, mas é inevitável pensar nisto quando ouvimos os Skeet e quando sentimos que aquele tipo de neurose, de falta de empatia, talvez não fosse uma coisa de água minada em Cardiff, mas geral, de um tempo, onde os escassos recursos e os nossos sons andavam de mão dada. Podemos encontrar outros nomes do pós-punk ao ouvir os Skeet - até porque há aqui algo mais rítmico, que desbunda para um outro à-vontade pop, menos negro -, mas o minimalismo vence, o vazio que fica e deixa tudo por acontecer a cada instante. Hoje redescobrimos mais facilmente bandas que deram só 10 concertos - como os Skeet - do que há 10, 20 ou 30 anos, em parte porque temos a certeza que a história da música não existe só naquilo que o momento quis que fosse. Mais do que haver coisas por contar, há coisas por ouvir. Não precisam de marketing nem de uma boa história, só precisam de ser ouvidas. Os Skeet são um bom exemplo disso. A história não vai ser reescrita com isto, mas vamos ficar felizes quando ouvimos este polaroid dos invisíveis.