Faith In Strangers (10 Years)
Andy Stott
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2024 repress
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Andy Stott como um camaleão, ou um manto de fumo que muda a sua forma consoante a direcção e ímpeto do vento. Nos primeiros discos que lhe deram fama (o EP "Passed Me By" e o LP "Luxury Problems") havia a evidência de um domínio de sampling encharcado em efeitos, bem como uma vontade de puxar um certo tipo de música de dança mais agarrado ao coração que ao resto do corpo, com direito a todos os truques de produção que transformam captações de campo num hi-fi sujo. Da linhagem da música de electrónica/dança inglesa, pela via de Manchester, Andy Stott propôs-se a reconfigurar alguns cânones e a oferecer-nos um dos álbums mais emocionais dos 2010s de que temos memória, no que a música electrónica diz respeito. "Faith in Strangers", o sucessor de um disco que seria difícil de superar. Mas a intenção nunca foi essa, mas antes um empurrar do som para diante. "Faith in Strangers" alarga a sua gramática a toda a bass música inglesa, onde o single "Violence" e o tema "Damaged" se ouvem como uma condensação desta vontade: as batidas influenciadas pelo Grime e Trap da altura, os graves ressoantes, mais maximais e cantantes, aura emprestada também de todo o Witch House próprio aos tempos onde este disco saiu - linhagem também seguida na terceira faixa, "On Oath", de percussão esparsa, minimal, alusiva talvez a uma noção mais introspectiva de 2step e uma voz espectral que acompanha os estudos no low-end. "Science & Industry" lembra mais as excursões dentro de uma Cold Wave alternativa, lembrando os ritmos Motorik maquínicos de discos como o primeiro de Suicide. Aura algo inóspita, cinzenta, lembrando o negrume dos céus de Manchester e a aura gélida e austera que se vive na urbe inglesa - "Faith in Strangers" é frio, mas aquece pela mensagem esperançosa que, 10 anos depois, ressoa mais que nunca.