God Is Good
Om
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Costumamos brincar aqui na loja que toda a carreira dos Om se inspira nos primeiros segundos de "Set The Controls For The Heart Of The Sun" dos Pink Floyd. O respirar do baixo é muito semelhante, as canções deste duo arrancam quase sempre da mesma maneira, mas a partir daí tudo é imprevisível. Produzido por Steve Albini, "God Is Good" é o quarto álbum de Om (agora Al Cisneros e Emil Amos). Cisneros era elemento dos Sleep, banda nuclear na cena stoner/doom da década de 90, com três álbuns absolutamente essenciais: "Sleep s Holy Mountain", "Jerusalem" e "Dopesmoker". Depois de três álbuns na Holy Mountain ("Variations On A Theme", "Conference Of The Birds" e Pilgrimage") Om mudaram-se para a Drag City, onde editam o seu melhor registo até à data, este "God Is Good". Facto que não é de estranhar, a sua música é uma coisa gradual, seja uma canção, um álbum, como o conjunto total da sua discografia. O duo cria um elo religioso entre o ouvinte e a banda, um apelo intenso ao êxtase que pode unir música e religião (qualquer uma, é esse o trunfo). Baixo e bateria, como sempre, desta vez acompanhados por pormenores que preenchem o espaço entre um instrumento e outro (e não é muito) e dão um sentido mais cheio, coeso e intenso à tensão que se eleva na música dos Om. "Thebes", peça de 19 minutos que abre o disco, é um épico, talvez o primeiro realmente descarado que produzem na sua carreira. Tanto que sobressai em relação aos restantes três temas. É uma ponte entre o passado e o presente, um acesso ao resto do álbum (maior em variedade, menor na duração) onde se introduzem novos movimentos nos Om. Aquilo que é subtil em relação ao passado em "Thebes" (uma afirmação da religiosidade do seu som), torna-se assunto principal nos restantes temas, com especial destaque para "Cremation Ghat II", o último no disco. "God Is Good" conta uma história, sente-se o tempo a atravessar os Om, o apurar de uma fórmula inesgotável (e ao princípio não parece, é preciso entrar, deixarmos-nos levar pelos álbuns) que está cada vez melhor. Música para a eternidade, com uma crença vigorosa no passado. Tem algo de ancestral, de estoico, um lado intemporal que nos põe a vibrar da mesma forma que alguns rituais são como droga para muita gente. É um sentimento único, de uma banda única que nunca fez nada que não fosse genial. Obrigatório.