Atomic Rooster
Atomic Rooster
No longo leque de bandas que surgiram do fenómeno da psicadélia britânica dos 60s e 70s, Atomic Rooster - nascendo das cinzas de The Crazy World of Arthur Brown - conseguiram deixar também a sua marca no universo do rock progressivo britânico. Bebendo influências de bandas como King Crimson ou Caravan, editam em 1970 a primeira de uma longa discografia de mais de dez edições entre os 70s e os 90s. Jogos de flauta entre as guitarras e o piano/órgão de Vincent Crane mostram uma genuína interpretação da música enquanto escultura temporal - espaçamentos inteligentes entre os instrumentos conferem às faixas uma dinâmica singular de arranques e quebras, onde todos trocam ideias de forma incessante, sem interpolações. Dentro dos axiomas do prog torna-se difícil encontrar temas tão desengonçados e livres como "Before Tomorrow" - evitando refrões, as composições galopam entre vários momentos musicais interligados, fiéis à arte do improviso. "Winter" dá o palco para que todos os músicos tenham um tempo definido para brilhar, como ditava a escola do jazz. Com uma espontaneidade no órgão que riffa mais do que as próprias guitarras, Vincent Crane demarca-se como o condutor da banda - os músicos não seguem as cordas das guitarras mas antes as teclas de Crane. "Decline and Fall" e "S.L.Y." mostram o entendimento do jazz como poucos o evidenciavam no seio do prog britânico - Carl Palmer dá masterclasses de bateria a solo, onde a produção definida, limada do disco revela ainda mais a sua musicalidade no instrumento. O quinquagésimo aniversário de Atomic Rooster revela-o como um exemplo paradigmático, completo do caminho trilhado pelo prog rock britânico dos 60s e 70s, resistindo ao teste do tempo. Atomizem-se!