Claustro / State Forest
Burial
A música de Burial vive na duração de um segredo. Passaram-se doze anos desde “Untrue”, as perguntas sobre um álbum novo são risada. A espera tornou-se um hábito e vive-se os últimos doze anos com a certeza de que Burial é agora entregue aos poucos. Um pouco que é tanto. São vários os 12”/10” que foram saindo ao longo da última década e existem tanto como objectos de colecção como itens importantíssimos para compreender a história da música deste século. Quando “Burial” e “Untrue” foram descobertos, a leitura do apocalipse era cega. O futuro incerto, algum dubstep dava coordenadas frescas sobre as direcções da música electrónica e de dança. Há alguma verdade nas previsões do passado, mas os últimos dez anos foram uma construção em volta da nostalgia, a criação de um acervo de música de nostalgia que ganhou diferentes nomes ao longo dos tempos, das tendências: hypnagogic pop, hauntology, a ideia da morte da rave, etc. A música de Burial é ainda um futuro imaginado. A condensação suprema-pop de “Claustro” é a luz que ainda sai do cinzento-castanho de “Burial”/”Untrue”, a anulação à estética de “State Forest” um complemento de uma revolução na música que ainda não chegou a acontecer. A ideia de viver no passado é um conforto na música de Burial: dá a ideia de um “próximo passado”. Este 12” é só parte do génio e do céu que Burial nos quer deixar ver.