El Tren Fantasma
Chris Watson
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A notícia de um novo disco de Chris Watson segue sempre acompanhada por uma pergunta e uma valente curiosidade: por onde é que o músico inglês andou desta vez? Para um artista sonoro do calibre e da dimensão de Watson – o mundo é mesmo uma concha para ele -, tudo é possível de ser recolhido, tudo é possível de ser ouvido, tudo é possível de ser retratado. Colaborador essencial, há largos anos, da BBC e com trabalho ouvido nos documentários de David Attenborough, Watson reserva parte das suas viagens e pesquisas para recolhas pessoais e, quando menos esperamos, a velha mente criativa que já nos deu discos tão fundamentais na Touch – para além da sua vida nos Cabaret Voltaire -, volta a surpreender-nos com mais uma obra. “El Tren Fantasma”, o quarto álbum na Touch, e o primeiro desde o tremendo “Weather Report” de 2003, percorre os carris abandonados da travessia ferroviária entre o Pacífico e o Atlântico, no México, recriando uma viagem que não mais existe, mas que ganha peso, corpo e tempo quando se ouve esta aventura. “El Tren Fantasma” é um álbum, mas também é um filme, de recorte sonoro esplendoroso, como Chris Watson nos tem habituado, e que merece ter a nossa maior atenção, de preferência, no sofá, de olhos vendados para sentirmos a travessia como se fossemos um dos seus viajantes. Um sonho húmido para os trainspotters, e um sonho real para todos os outros. Bem-vindos a bordo.
