Luna EP
Doon Kanda
O rosto deformado a lembrar Zelda ("Terrahawks"), a celebração do Estranho, são marcas autorais de Jesse Kanda, artista visual / plástico conhecido, por exemplo, por modelos e animações para Arca e FKA Twigs. Atirar quem ouve para um local desconfortável, logo pela imagem na capa, faz parte do programa de tristeza chic novo-milenar, à qual a música no EP acaba por corresponder. Toda a proficiência das batidas além-dubstep é aplicada com romance e um sentido também muito contemporâneo do épico, exacerbado. Tudo parece vivido num mundo repleto de colunas de fumo tóxicas, desolação na paisagem e, ponto-chave, uma esperança a procurar florir entre o cinzento. Se exageramos na visualização é porque a música não poupa em adereços de melancolia. "Luna", a faixa-título, convoca Aphex Twin que não escutávamos talvez desde momentos na série "Analord" ou nos seus álbuns mid-90s: aqueles interregnos entre a pressão rítmica. "Luna", o disco, recorda esses tempos de IDM melódica (tantos nomes que poderíamos aqui citar) e aplica essa atmosfera a uma nova versão de ser humano sensível.