Dancing Devils Of Djibouti
Groupe RTD
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Incrível jornada gravada em três dias apenas com a benção da Radiodiffusion-Télévision Djibouti (RTD). Em vez de se concentrar nos arquivos preservados pela RTD, a Ostinato opta pela gravação actual de um grupo rodado em cerimónias oficiais e composto por diferentes gerações de músicos capazes de tornar viva e actuante a tradição que a editora inicialmente procurava. Se no início a cadência de bateria recorda inevitavelmente Tony Allen, depressa nos ajustamos à ideia de que não estamos a ouvir Afrobeat nem nenhuma descendência de Fela Kuti. Ali junto ao chamado corno de África, com a península Arábica do outro lado do golfo e África em todas as fronteiras terrestres, a música produzida no Djibouti traz sopros e vozes do Médio Oriente para se misturarem com um esquema percussivo mais africano, mas até esta análise falha por desconhecimento do que são as verdadeiras artes tradicionais da zona geográfica de que falamos. Sobra, e em quantidade abundante, a expressão emotiva. Também o modo poderoso como a música parece assentar no chão para se colocar em movimento imediato, e as vozes no comando, tão celebratórias como nostálgicas. É com elas, sobretudo, que o disco termina ("Wiil Wille”), mas nas nove canções anteriores a intensa emoção que transmitem é quase paradoxalmente veiculada através de um tom desapaixonado que revela a expressão natural da voz, sem procura de virtuosismo ou demonstração de possibilidades. São as vozes de pessoas e o que emprestam à música, neste álbum, é arrebatador.