FLUR 2001 > 2024



Sinister Grift

Panda Bear

Domino

Preço normal €14,00

Taxas incluídas.

LISTEN:
CLIP1 - CLIP2 - CLIP3 - CLIP4 - CLIP5


Uma imagem vem-nos à cabeça quando ouvimos alguma da música de Panda Bear: a sensação de que estamos fechados num quarto, enquanto ouvimos da janela, montes de crianças a brincar. A imagem parece tépida ao princípio porque, afinal, porque é que são os outros a divertirem-se e não eu? Mas o que deve passar é a transmissão de algo tremendamente diferente, a força de que há algo bem melhor lá fora, de que há razões para sorrirmos. No fundo, de que o fechado é uma ilusão e não um estado. Deveríamos estar a sorrir. Desde Person Pitch que a música de Panda Bear irradia esta sensação, por vezes mais intenso, por vezes menos. Em “Sinister Grift” acontece um reencontro luminoso com isso, a presença de que nem tudo estava esgotado. Nem para ele, nem para nós. A verdade é que se passaram quase seis anos desde “Buoys” - o álbum com Sonic Boom é outra coisa - e quase duas décadas desde “Person Pitch” e podemos dar-nos ao luxo de não sermos surpreendidos. Sobretudo quando queremos que a surpresa venha pelo novo, pela novidade, para não nos sentirmos velhos. Pensar que “Person Pitch” foi há quase duas décadas faz-nos sentir velhos, ouvir “Sinister Grift” e abraçar a ideia de que um músico encontra nova vida, libertando-se da forma que usou até então e usar uma banda para encher o seu recreio é algo entusiasmante. Sobretudo porque não é um artifício, Noah Lennox encontra mesmo aqui uma nova vida, mais espaço para brincar. É com se, de repente, o recreio se tornasse maior, com mais crianças, e nós ouvimos mais aquela festa cá dentro, onde estamos, fechados. E ao ouvir, maior vontade temos de sair desse estado. É um disco, portanto, anti-nóia. Chamem-lhe o Brian Wilson da sua geração ou de que ainda anda a brincar aos Beach Boys. Mas olhem, estamos fartos disso. Queremos ter os nossos heróis. Um deles é Noah Lennox enquanto Panda Bear. Uma surpresa, um lugar feliz. Com participações de Nadja Lennox (filha dele, em “Anywhere But Here”, coisa brilhante), Maria Reis, Tomé Silva e Cindy Lee. Um sol, caramba. Um sol para estes dias. Haja isso.