Time Is When
Polido
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Time Is When
Polido mudou a sua causa (e casa) para Berlim, mantendo acesa a chama que o coloca em pleno turbilhão criativo da cena electrónica portuguesa de tempos recentes. Há uma série de experiências desformatadas às quais se juntam as faixas de Polido, vagamente afiliadas de um universo techno mas em constante exploração "do que seria se". A aparente aridez que passa pelo álbum é só um tom menos exuberante que Polido escolhe, sem descurar a dinâmica: a faixa-título, por exemplo, apesar de bastante curta, concentra no seu minuto e pouco uma incrível riqueza electroacústica. Percorrendo as catorze faixas, entre vozes gravadas, ambientes, objectos em queda, choque ou, pelo menos, em contacto uns com os outros, aceitamos com naturalidade a noção (criada durante a escuta) de esboços permanentes, um estado em maravilha pelo som e os caminhos pelos quais o compositor se deixa conduzir. "Trait" apresenta uma versão do impulso dominador na referida faixa-título, ecoando, se nos é permitido ir longe, a repetição obsessiva de "Evacuation", composta por Mike Oldfield em Fairlight CMI para a banda sonora de "Killing Fields". Polido constrói uma espécie de dj tool fora dos clubes, para quem quiser levar para dentro. Em "Time Is When", o enigma é constante, projectado pela cabeça de Polido nesta organização de sons sem terra nem tempo. Bom.