8
Sensible Soccers
“8” é o pequeno e quase insignificante título para um dos melhores discos do ano. No final de uma audição, fica-nos a sensação que os Sensible Soccers são uma banda que, à semelhança de grande parte do terreno electrónico actual, venera sintetizadores e faz disso a solidez das suas fundações. Certo. Mas tanto estruturam o ambientalismo épico com noção exacta do tamanho das suas ondas – “Nikopol”, o primeiro tema, é dramaturgia clássica e exemplar! -, como sabem sair da contemplação antigravitacional para uma pista de dança baleárica – “AFG” é um dos prodígios de adrenalina contida deste álbum. Ou seja, o que vem por cima das fundações é um grande edifício de possibilidades. Música instrumental, agarradas também à electricidade das guitarras, carregada de energia primária, feita sem qualquer atropelo, sem nunca perder o equilíbrio dos movimentos, aqui e ali com um pé na Terra, com um certo sabor a pop sintética tal como um dia Fennesz a sonhou. É sempre estúpido falarmos de Portugal nestas coisas, mas continuamos cá e sabemos o milagre que é ter cabeça, meios e genica para desencantar música assim. Portanto, dois factos: os Sensible Soccers são portugueses e este disco é uma maravilha.