Seven Up
Timothy Leary & Ash Ra Tempel
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O terceiro álbum de estúdio dos alemães Ash Ra Tempel (que começaram operações antes dos registos ultra-drogados de Cosmic Jokers) junta-os a Timothy Leary, na Suíça, numa de levarem avante o militantismo pró-droga e seus benefícios para a psicologia e o nosso bem-estar. As músicas em "Seven Up" (título que advém das trips de LSD, patrocinadas por Timothy Leary, que colocava o ácido em garafas de Seven Up aquando das gravações deste disco) evocam emoções contraditórias: a música depressa passa de espírito relaxado, sereno e drogado a ansioso, paranóico e inquieto. Como exemplo, "Space" começa com um drone (de guitarra?) que permeia a panorâmica estéreo e serve de cama para a linha de baixo com groove que determina o tom completamente bluesy da música. Arrastada e lenta, forma-se-nos uma imagem de um deserto colorido que nos convida discretamente a explorá-lo. Subitamente, os motivos deste tema vão sendo sobrepostos com reverbs longos que distorcem as imagens criadas pelos instrumentos, deixando-nos somente com as caudas espectrais dos efeitos e nas cercanias de uma bad trip. Subitamente, o tema volta, mas acelerado e frenético, qual recuperação hercúlea de uma má experiência, adornado ainda com síntese num movimento ascendente ininterrupto. Este motivo repete-se ao longo do lado A, sempre nas imediações de um espaço liminal, espectral. "Time", lado B mais amorfo, revela um exercício em diferentes experimentações que resultam em diferentes paisagens sonoras, resultantes tanto de ciclos de wah-wahs como de drones dos sintetizadores da banda, criando um mundo onírico, abstracto - e maioritariamente sem batida - por onde Timothy Leary consegue declamar as suas ideias sobre drogas e sobre a nossa percepção do mundo em estado de vigília adulterada. Disco obrigatório; um tesouro refundido não só do catálogo de Ash Ra como de todo o Krautrock. Obrigatório pela forma, pelo conteúdo e pela junção lógica de dois dos maiores nomes associados à cultura psicadélica. Um marco.