Aether
André Gonçalves & Casper Clausen
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Semanas antes do início da pandemia, André Gonçalves (ADDAC System) e Casper Clausen (Efterklang) encontraram-se no estúdio durante duas noites, acompanhados pelo fogo da hora e os incentivos do caminhar para o dia seguinte. O resultado vive em "Aether", quarenta minutos de linguagem nova, alienígena, desconhecida no trabalho de ambos. A voz de Casper Clausen acomoda-se entre os sons sintéticos, delicados e etéreos que André Gonçalves vai lançando. Há mais de um ano, quando nos falaram deste álbum, Gonçalves brincou a dizer que dava por si, às vezes, a trautear as melodias de "Aether" no duche. Parecia uma abstração criativa, hoje faz sentido. O som respira em massa e move-se à velocidade de uma nuvem, enquanto Casper soa a uma Julee Cruise marciana. A voz, como se fosse fumo no meio de mais fumo, ouve-se como irreal, como se tudo estivesse a acontecer num permanente sonho. "Aether" ouve-se nesses moldes, uma peça dividida em sete partes que conjuga o real e o irreal da noite, onde pouco de terrestre acontece: é música fora do corpo, em suspensão.