Chiastic Slide
Autechre
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Electrónicas que expressam o inexpressável. A música sempre foi exigente (até mesmo Incunabula o era, q.b.), ao ponto de obrigar o ouvinte a reconfigurar a sua percepção auditiva aquando do desenrolar de algumas faixas. Chiastic Slide é um dos apogeus dessa máxima: com o arranque de "Cipater", percebemos que aqui a bateria "enrola-se" ao ponto de soar ao raspar de folhas de alumínio. Abstracções legítimas, que na sua forma mais extrema se desenrolam para algo mais esteticamente semelhante ao noise ("Rettic AC" é um aglomerado de várias texturas que impressionam pela força). É importante referir que, para além dos nuggets amorfos de ritmo ou as erupções de energia aparentemente caóticas e contraditórias, há sempre espaço para uma certa frieza melancólica, ou outras emoções nítidas que Autechre fazem sobressair: por cima desses mesmos ruídos maquinais, o orgânico revela-se arrebatador, um pouco como a ideia do andróide que chora finalmente em Blade Runner, ou como o silêncio que, depois de uma longa maré de ruído, se manifesta estranhamente reconfortante. É a ideia de um futuro que ainda se sente bastante longínquo.