Burritos, Inspiration Point, Fork Balloon Sports, Cards in the Spokes, Automatic Biographies, Kites, Kung Fu, Trophies, Banana Peels We’ve Slipped on, and Egg Shells We’ve Tippy Toed Over
Cap´n Jazz
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O que há para dizer sobre a genealogia do emo? Como este género foi sofrendo mutações, muito culpa da vontade de comercializar o som e marketizar sentimentos, alvo para adolescentes deslocados, anómicos, enquanto a música ia sofrendo deturpações não muito diferentes das que aconteceram ao dubstep ou, mais recentemente, ao techno? Tudo começa no Midwest americano, em Illinois: Cap'n Jazz foram influenciados por todos os avanços exploratórios no rock, no final dos 80s e inícios dos 90s, bem como uma cena punk florescente, conterrânea. O primeiro LP, gravado depois de mudanças na formação e de vários concertos ao vivo, foi uma tentativa de canalizar essa energia, sem filtros em estúdio, espécie de cápsula energética. As vocalizações de Tim Kinsella, honestas, sofridas, passam celeremente de gritos angustiantes, para melodias desafinadas, para trejeitos spoken word, por cima das guitarras angulares, matemáticas, dissonantes, e do funk da bateria de Mike Kinsella. "Basil's Kite" é um hino, cujo punctum é uma espécie de drop, não muito diferente do abalamento tectónico provocado por uma qualquer faixa cuja estrutura é pensada em redor de um clímax, ou drop, criando arrepios e um sentimento de dissociação invocado também pelas letras. Há urgência, energia e perspicácia em Cap'n Jazz, desde as progressões de acordes, bonitos dedilhados e demonstrações de potência em guitarra, às letras crípticas e simbólicas, apaixonadas, passando pelas proezas de swing na bateria e do baixo cantante. Forma-se uma bolha de som crua, poderosa, sustentada por uma produção semi lo-fi que ajuda à carga emocional e honesta, vívida, que estes recém-adultos compuseram no âmago dos 90s. Criatividade adolescente no seu pico - a meio de "Basil's Kite" ressoa o que parece ser a trompete de Miles Davis. "Bluegrassish" é o equivalente à "Some Grass" no disco "Holy Mountain", de Sleep, virando o disco ao contrário e provando a proeza técnica e imaginativa dos músicos. Música eminentemente americana? Sem dúvida - há aqui laivos de misticismo suburbano, tramas da juventude, o contacto com drogas, sobrecargas emocionais, a música como catarse máxima. Explosões de energia controlada. Punk com o coração à vista. Cap'n Jazz como uma árvore anciã que se ramificou pela história da música. Mas, essencialmente, é música para quem vive com emoções à flor da pele, como um diário de revelações e angústias, não muito diferente de Catcher in the Rye ou, mais recentemente, Pepsi Cola Addict. O contraditório cenário suburbano, frágil e despido para que todos o vejam, desadornado.