Detestation
G.I.S.M.
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Banda de culto japonesa liderada pelo controverso Sakevi, o início deu-se com “Detestation” que, em 1983, principiava uma revolução sónica. Punk demente, paranóico, com preocupações bélicas e ansiedades sobre catástrofes globais, dinâmicas de controlo e poder, políticos corruptos e, sobretudo, as sequelas de uma bomba atómica. A guitarra de Randy Uchida combina leads e solos melódicos à Judas Priest, Mercyful Fate e Iron Maiden com energia, sujidade e ímpeto punk. A voz de Sakevi é talvez o “punctum” da música, recorrendo a um modulador vibrato para a tornar ainda mais “far out” e que, juntamente ao seu inglês macarrónico, transformam a sua presença numa figura alien que intimida pela sua imprevisibilidade (e são muitas as histórias e os relatos da banda ao vivo que corroboram esta lenda). Com o d-beat e produção crust, não ficam muito distantes das raízes deixadas pelos ingleses Discharge, transformando a fórmula e relocalizando o som, prática comum nos músicos japoneses em relação às inspirações que chegavam do ocidente. Um dos melhores discos de punk de sempre? Sem dúvida alguma: não há nada com este tipo de produção suja, mas equilibrada e que una a guitarra de Uchida (de influência eminentemente inglesa) à lógica do hardcore e do crust punk. Todos os temas são de escuta obrigatória - não há nenhuma banda que tenha distorcido tanto o que era ou não possível dentro dos moldes do punk - desde a imagética, à filosofia da banda, das performances ao vivo ao carácter completamente demente da música aqui tocada. Ainda envoltos num manto de mistério, sendo os discos das poucas referências que conseguem esclarecer exactamente o que se estava aqui a passar. É assim a lenda de G.I.S.M (RIP Sakevi. há também o recém-lançado DVD com registos da banda ao vivo e que deverá esclarecer mais este fenómeno.) É um dos grupos com mais réplicas contrafeitas de sempre, mas podem arranjar reedições oficiais connosco, num preço demasiado bom para ser verdade.