Too Many Humans + Teen Love
No Trend
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No Trend, Ashton, Maryland, 1982, a norte do berço do punk hardcore de Washington D.C. - na No Trend Records, o propósito era simples: editar música ímpar, que não seguisse modas ou tendências, que fosse real e crua. O vocalista Jeff Mentges no alerta sobre as mentiras da sociedade classista americana, um capitalismo imperativo, pressões de pares, a hipocrisia humana, o inescapável status quo. Em "Too Many Humans" percebe-se que tudo o que aprendemos até agora são ilusões. Anti-sistema, anti-capital, anti-modas, anti-tudo, ouve-se a voz misantropa de quem não se conforma com esta suposta "realidade" que nos é impingida. Música niilista, atonal, com feedbacks constantes na guitarra que se ouvem mais do que as próprias notas. Bateria pujante, imparável, basslines repetitivas que servem de base rítmica para que todos os outros instrumentos expludam em seu redor. Cacofonia organizada, ondas de choque mortíferas, paralisias induzidas através da via auditiva. Jeff Mentges prova que o punk só o é quando não segue tendências, quando é frio, verdadeiro, inadulterado. A imprensa musical da altura altura aproximou "Too Many Humans" mais à facção da música industrial do que à da música punk - "art imitates life". No Trend são o lado submerso do Iceberg: o inconsciente, o invisível, o impensável, o tabu. Certamente um dos discos mais influentes para os fenómenos No Wave/Noise Rock/Industrial (Brainbombs serão talvez o exemplo mais directamente ligado à influência de No Trend), é uma reedição importantíssima pela Drag City, que também compila o primeiro EP "Teen Love", bem como demos, gravações ao vivo, com um booklet e flyers da banda. Duas horas de música barulhenta, honesta, niilista, misantropa, de coração exposto, que mostra a verdadeira América (e o verdadeiro mundo) que a imprensa não quer que descubramos. Mais importante do que nunca.