Simian Angel
Oren Ambarchi
“Hubris”, lembram-se? O magnífico disco de Oren Ambarchi em que explorava com minucia o potencial da percussão na sua música. Exercício-visão. Passaram-se três anos e Ambarchi tornou-se mais tropical: “Simian Angel” trá-lo de volta a um lado mais convencional da guitarra e à procura – ou a explorar – uma paixão antiga: o Brasil e o seu tropicalismo. Não há o Brasil que conhecemos aqui. Há um outro Brasil. Há um ritmo-Brasil. Há um Brasil de Oren Ambarchi. Esta última frase é foco, “Simian Angel” descola com a paciência de um Vangelis para rapidamente lapidar belíssimas estruturas musicais, com uma arquitectura sempre mutante, funcional, e que visa surpreender a cada momento. É fascínio. Tal como o próprio parece fascinado por voltar a um enigma, criar em blocos e juntá-los à procura de respostas constantes. “Hubris” era um motor de Fórmula 1, rápido, de contágio imediato. Entrávamos a toda a velocidade. “Simian Angel” é uma carta de amor para ser lida devagarinho mas bem alta. Cada palavra conta. Isso já se sabe com Ambarchi. Mas neste seu Brasil isso é outra linguagem. Obrigatório. Pois é. Que disco para celebrar os 50 anos de Oren Ambarchi; que as velas nunca se apaguem.
