Africa
Pharoah Sanders
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Em "You've Got to Have Freedom", o saxofone áspero de Sanders principia o disco com uma espécie de riff catchy que marca o tom, silenciando-se para deixar abrir todos os outros instrumentos - neste acto simbólico apreende-se logo o espírito do disco. Sanders convida o pianista John Hicks, o contrabaixista Curtis Lundy e o lendário baterista Idris Muhammad para homenagear mais uma vez as raízes dos músicos; já tínhamos passado por elas em discos como "Thembi", "Black Unity" e especialmente "Tauhid", mas é em "Africa" que a mensagem se torna mais óbvia e directa (tal como o tinha feito Coltrane, com o mesmo título, e Sanders homenageia-o constantemente, interpretando até uma balada sua, "Naima"). Liberdade incrível de exploração tonal em piano e saxofone, com a bateria de Muhammad a acompanhar os improvisos dos músicos de forma notável. "Origin", apesar de não ser uma criação de Coltrane, cedo invoca o espírito do mesmo na gentileza das melodias e na suavidade como atinge cada nota, leve mas certeira, para mais tarde fazer soprar as notas rasgadas, próprias de Sanders desde o primeiro disco. Não necessariamente Avantgarde ou exigente, é um disco que fica no limiar entre uma audição por vezes rígida e uma agradável companhia para uma tarde ou um serão, sendo que a atenção do ouvinte é recompensada pela óptima perícia de Hicks, cujo piano faz um trabalho essencialmente rítmico mas com explosões criativas pontuais. Uma celebração tripartida entre África, Coltrane e um conceito de liberdade só atingível pela música.