Love Streams
Tim Hecker
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Três anos de silêncio desde “Virgins” e uma mudança importante de editora, Tim Hecker salta da Kranky para a 4AD e assume isso sem uma mudança de som. “Love Streams” não é um disco mais pop, mas um capítulo na sua melancólica procura de inventar sons clássicos enquanto procura uma rudeza no som electrónico que parece não existir na origem. Isto é, enquanto muitas vezes a rudeza vem de um impacto das limitações ou da pujança do momento, em Hecker há uma espécie de trabalho artesanal no desconstruir do som e dos seus limites e aprofundar o significado dessa rudeza, refiná-la e trabalhá-la de uma forma completa sem a desmascarar. Parece falso mas não é. É uma linguagem de dissonância, a sua música parece estar em permanente desacordo entre aquilo que diz e faz e esse sempre foi um dos elementos mais bonitos de alguns dos melhores momentos de Tim Hecker. “Love Streams” não é todo assim, impera mais um sentido de trabalhar o som de sintetizadores com uma certa tonalidade clássica. E isso é o elemento presente ao longo do disco, uma espécie de porta de entrada para outras portas de entrada, uma forma de convidar o ouvinte a entrar de uma forma mais natural no seu mundo completamente artificial. Há muito tempo falava-se muito de como James Ferraro e Lopatin vasculhavam nas suas memórias de infância e construíam sons a partir daí, das coisas gravadas e regravadas, na memória dos objectos e na memória pessoal, dos anos 1980. “Love Streams” lembra-nos isso depois da febre, mas com uma consciência tranquila e alheada de outros processos. Apenas os seus.