The Four Quarters
Vladislav Delay
Não se escutava Delay como em «The Four Quarters» desde «Anima» em 2001. Os motivos rítmicos ou melódicos fazem-se e desfazem-se frequentemente em instantes, sugerindo continuações que depois não se materializam, a música parece colocada no instante, sem pistas sobre origem e destino. A mistura final do som aceita interferências várias durante a evolução circular da música que, apesar da superfície nebulosa, é fácil de seguir, quente e joga com as quebras abruptas para melhor gerir o tempo. «The Four Quarters» surge numa fase em que Delay experimenta colaborações, notoriamente com a sua companheira AGF, mas com uma concepção de espaço e ritmo muito diferente do seu trabalho a solo. A longa improvisação que parece unir as quatro partes deste álbum entre si utiliza o eco e a reverberação para criar zonas de som quase palpáveis, à semelhança dos primeiros discos, mas com a vantagem de uma produção bem mais clara que aproxima a ficção da realidade. Delay não inova, limita-se a melhorar o que já era incrível.