Vibrações de Prata
Xexa
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Só é um objecto estranho no catálogo da Príncipe se a ideia for manter a editora estritamente ligada a um tipo de som afro-português que tem encontrado sucesso dentro e fora de portas. "Vibrações de Prata" não soa a batida, afrohouse, tarraxo ou kuduro, mas incorpora na sua fluidez líquida algumas marcas identitárias da herança musical e, dir-se-ia até mais, espiritual. Xexa vem de estudos em joalharia e som, duas artes em princípio bem diversas mas que, afinadas, produzem grande beleza escultórica. Nesta colecção de faixas dispersas que a Príncipe reuniu com propósito de apresentação, escutamos uma artista em desenvolvimento, sim, mas já com ideias amadurecidas em relação ao resultado final. Enquanto explora, Xexa também concretiza. Com excepção de "Clarinet Mood", um exercício conceptual de maior duração, trabalho para portfolio na Guildhall School of Music and Drama (Londres), a duração das faixas é mantida naturalmente breve. Mensagens sónicas concisas, ambientes e comunicações etéreas, um aparente mundo de diferença em relação às produções de dança na editora mas uma adição respeitosa, bonita e com total sentido, em especial para quem segue os passos desta narrativa ainda em construção na cidade de Lisboa e suas ramificações. Xexa tem origens em solo São Tomense, não é de cá mas também já não é bem de lá.
"This is a presentation of Xexa's different sensibilities as a composer, musician and sound designer, mapping what are in effect her initial explorations with voice, rhythms, synths, ambience, ever searching for an organic final result. As a student at the Guildhall School of Music and Drama (London) between 2019 and a still fresh 2023, she presented in her third year a portfolio that included what we can now listen as "Clarinet Mood", the final track on "Vibrações De Prata". Her intention was to «study the feeling of listening to music as an environment one inhabits and not as a sound that follows you throughout the day. Walk into, instead of listening to, an ambience». With no previous clarinet training, Xexa explores its palpable sound as a physical doorway to this realm. Four other tracks ("Assim", "Nha Dêdê", "Fragmented Breath" and "Prendes Nh'Alma") formed part of what she named the 2021 Sound Calendar. Out of a (natural) total of 12 compositions, these four connect with other intimate moments to tell a broader story, one of fragility, «like a flower about to bloom, we can detect first glimpses of colour and form but can't yet divine its final form». This sort of imaginative sonic micro-management can also be found on "Libelula", where the synth attempts to recreate the beating of a dragonfly's wings. Minute details are a major feature in jewelry, an art Xexa studied in her native Lisbon's António Arroio school. Free spirited as she is, Lisbon is merely a geographical location where she was born, no particular feeling of being Portuguese attached to her position in the world. So far, Xexa's origins in São Tomé and Príncipe and a prolonged stint in London (it feels prolonged, at such a young age) are the two other major environments that form her experience as a human being but also as an artist. We are extremely proud to have been able to access truly special creative, intimate moments and help bring out into the world this physical manifestation of beautiful contemporary music." (Label PR)
