Tropical Gothic
Mike Cooper
Activo desde finais da década de sessenta e com uma obra musical e visual espantosa, Mike Cooper continua a renovar-se, hoje, quando já vai para lá dos setenta anos. Um viajante pelo mundo real, tem procurado novos sons para reencontrar a sua música e a dos outros, explorando a sua colecção de guitarras da forma mais adequada que encontra. Perante um disco como “Tropical Gothic” é relativamente fácil pensar na sua música actual com a naturalidade das influências da electrónica que outros exploram nas suas viagens: do universo da Touch a Jan Jelinek, passando, claro, pelo trabalho único da Discrepant nesse campo. Os discos que Mike Cooper tem editado na Discrepant são, e não há outra forma de o dizer, essenciais. “New Kiribati” era uma óptima revisitação ao seu trabalho de final dos 1990s, “Reluctant Swimmer” uma viagem infinita da exploração do som da guitarra até ao formato pop (por via de versões de canções de Van Dyke Parks e Fred Neil). Chegamos a “Tropical Gothic” e não há outra forma de ver a sua música senão como folk. Electrónica de lado, field recordings também, o que acontece em “Tropical Gothic” é uma interpretação única de Mike Cooper de como a sua guitarra descobre os sons locais e os reinventa à sua maneira. O folclore vem com a sua própria forma, mas é de folclore / folk que se trata. Música carregada de imagens, momentos, “Tropical Gothic” é um bilhete para uma viagem entre a contemplação, tradição, o terror, o medo (isto não quer dizer que assuste) e a descoberta (quando “Running Nakes” começa a tocar é só sorrisos, caramba!). São os trópicos sem os clichés, o fascínio sem filtros. Isto aos setentas e muitos é obra. Essencial e revelador de um génio que, se se desconhece, urge descobrir. Tudo é raro e transparente no universo de Mike Cooper. Sentimo-nos abençoados pela sua música. Inacreditável como ainda faz música tão jovem, oportuna, original. Só o seu génio se repete.