Taipei Disco
DWART
Parece fácil colocar "Taipei Disco", em ambas as versões presentes nesta edição, num caminho electrónico traçado pelo menos desde algumas explorações na Alemanha pelos Cluster, Klaus Schulze, Tangerine Dream, Kraftwerk e outros, ao longo de toda a década de 1970. O próprio António Duarte reconhece a influência dessa música e o tom "kraftwerkiano" de "Taipei Disco". Mas com a perspectiva dos anos parecemos escutar mais house e uma certa pop cósmica que ainda hoje dá bom nome à década de 80, fundidas numa visão distinta (e distante - DWART viviam em Macau na altura da gravação destas faixas). A pancada extra-seca da caixa-de-ritmos depois dos 5:40 minutos, na versão original, remete para a produção de Chicago mais cedo nessa década, enquanto a linha de baixo quase ácida mantém uma marcha electrónica na autobahn. Uma outra evolução, outra velocidade também, na versão ao vivo de "Taipei Disco", com a China a manifestar-se mais claramente nas frases de teclado e a percussão a permitir-se intervenção extra no momento da gravação. Hipnótico e até, para abusar de um termo mais ou menos contemporâneo no circuito rave, "drugged out". A improvisação "Red Mambo" transporta outros genes e abre, na prática, a tão desejada via de comunicação com outras latitudes ao promover uma jam com músicos d’Os Tubarões, em Macau. O encontro é real, não um imaginado Quarto Mundo, e é incrível a delicadeza com que as teclas vão tacteando ao longo de todo o caminho, por entre a percussão bem viva, algumas malhas de guitarra em flow jazzístico que fazem pensar em Vítor Rua mas é Tótó Silva, e descargas muito ocasionais de sintetizador que, então sim, vão citar alguns cantos recônditos do verdadeiro "Autobahn". Três faixas inéditas embaladas com amor na arte visual do Márcio Matos.